segunda-feira, 25 de junho de 2007

1º Voo solo


Como prometido aqui vai o relato do primeiro voo a solo!

O dia começou normal como todos os outros dias de voos. Preparar o planador, inspecções diárias, verificação dos pára-quedas, cabo de reboque.
Está um dia muito calmo, sem vento, céu completamente limpo nem uma palha que mexe....pista em uso é a 03. Lá vamos nós a empurrar a Twin Astir pista abaixo.
Sou o primeiro a voar! Coloco o pára-quedas e “salto” para o cockpit, iniciar checklists.....ajustar os cintos, colocar o cabo, altímetro em QFE, fechar canopy, compensador em neutro, pedais ajustados....estamos prontos a descolar.
A descolagem e o reboque correm bem, já me sinto bastante à vontade. O instructor diz-me para confirmar o local onde estavamos e diz para largar cabo. Estamos nos 300 metros (na altura nem raciocinei o porquê de ele ter pedido isto) e lá vamos nós a entrar para o vento de cauda da 21. Marco os ponto todos do circuito mantendo a velocidade constante e com altitude suficiente. Voltado à final meto freios...velocidade 100 km/h...a cerca de 3 metros do chão tiro um pouco de freios, ganhamos alguma sustentação, faço o arredondamento e deixo tocar, continuamos a rolar até à cabeceira 03.
Já parados, o pessoal começa a virar o planador para descolar novamente e nisto o instructor começa a sair, por momentos pensei que só ia dar uma mijinha, mas nisto ele diz: “J, agora vais sozinho!”.
Qual não é o meu espanto que fico bastante nervoso. “O, ESTÁ A BRINCAR! NÃO, O.”
“J, fizeste tudo bem, foste tu que aterraste, agora vais lá para cima e fazes igual ao que acabaste de fazer.”
“ESTÁ A GOZAR COMIGO, TEM A CERTEZA? NÃO ME SINTO À VONTADE PARA IR JÁ SOZINHO”
“J, vamos lá, agora vais sozinho, faz as coisas com calma, quero que marques os pontos todos no circuito e não brinques com os freios. À bocado tiras-te os freios e já tavamos um pouco baixos mas não tem problema, desta vez tiras freios um pouco mais alto. Tens muita pista para aterrar por isso não te preocupes.”
Entretanto comunica com o nosso rebocador....”C, o J. vai sozinho agora! É para subir até aos 1000 metros.”
Bem, devo dizer que estes momentos pareciam uma eternidade, recebi as instrucções finais, o nível de nervosismo era alto....respiro bem fundo e concentro-me.
Faço as checklists em voz alta....tudo OK, polegar em cima, a asa é levantada, aviso o rebocador que estou preparado para descolar e aí vou eu.
Estou bastante à vontade com a descolagem e o reboque, tudo corre bem. Subimos até aos 1000 metros, e quase à vertical da vila.
Pelo rádio ouço: “J, quando quiser pode largar cabo”
“Copiado, vou largar ali mais em cima da vila”
“Ok!”
(alguns segundos depois)
“India Victor, aqui Bravo Hotel, planador livre”
“Copiado, J, agora faça de conta que tem o O., aí atrás no planador. Tenha calma e bom voo, vemo-nos lá em baixo, até já”
“Ok, obrigado e até já”
Depois bom...depois é lindo...lá em cima tudo calmo, sem ninguém no cockpit de trás para chatear. Aproveito para fazer umas voltas sobre a vila e tirar umas fotos e aproveitar o momento. Tento ver se existem umas térmicas mas não tenho grande sorte, ainda não aqueceu o suficiente e a actividade térmica é muito pouca.
400 metros.....dirijo-me para o aeródromo, entro no vento de cauda – “Mogadouro, aqui Bravo Hotel a entrar para o vento de cauda da pista 21” - para a pista 21 aos 300 metros, 100Km/h, perna base a 250 metros, entro na final – “Mogadouro, aqui Bravo Hotel na final para a pista 21” – “A pista é toda sua”, meto freios e faço correcções para acabar de alinhar com a pista.
Ainda levo uma porradita de alguma térmica que estava a disparar mas sem grande problema, a altura ganha foi logo corrijida pois estava com freios a fundo. A cerca de 5 metrosTudo direitinho, toco um pouco à frente dos números.
A parte mais dificil está feita, agora é só manter o planador na centreline e asas niveladas! Vou “apalpando” os freios para ver se estão operacionais. Ao fundo vejo o pessoal já preparado para segurar na asa.
Estou com um sorriso de ponta a ponta. O A. Segura na asa, abro a canopy e digo: “Buenos dias! Como estás?”...heheh...ao que me responde: “Estou bien”...hehe..O momento é único não hà palavras para descrever a cara de toda a gente diz tudo!
O Instructor é o 1º a cumprimentar-me comigo ainda dentro do planador. Saio e o pessoal cumprimenta-me, O Osório e o Miranda lá me dão o tradicional pontapé no cu e depois levo com 2 baldes de água em cima! E claro...depois fomos para o hangar onde levei com mais água, hehehe!
Um dia espectacular. Não estava a contar que fosse hoje o dia em que ia ser largado.
Agora a formação continua na “Máquina Infernal”.

3 comentários:

Pedro Ferreira disse...

pois é mesmo assim caro amigo...tambem já passei por isso, é de facto um dia o qual nao se esqueçe;

Bem vindo ao clube :)

Parabens

Pedro Ferreira disse...

eu nem vou dizer nada ao instrutor acerca da maquina fotográfica no voo de largada... :)

se os nervos fossem mesmo muitos na largada nao levavas a máquina :)

o instrutor nao viu, senão já pagavas uma grade de cerveja ao pessoal todo

Multiglider disse...

Parabéns pela concretização do teu sonho! ;)